Planetário
Se o destino te leva, deixa-te levar. Se te pesa o mundo, gira com ele... o sol só ilumina metade do dia.
Assim, se te dói a noite, o abandono sob as estrelas é frio e doce no centro do eu, e aquece a pesada mas suave neblina que te cobre. O entorpecimento da mente é ganancioso, mas deixa-o entrar; é uma companhia silenciosa.
Rumo à estrela que te quer tão bem lá das alturas, lá do espaço glacial e estático. Rumo ao futuro de cada segundo gotejante, viscoso, ritmado. Inatingível e irónica, não faças esperar a estrela! A sua cintilação esmagadora pode fulminar-te num segundo. Sem aparato. Sem o estilo e emoção que se pode esperar duma tal morte; só as cinzas discretas de algo que já nem se sabe se existiu, que intriga por momentos por já não haver uma certeza daquele corpo no instante anterior. Rapidamente a incerteza desvanece-se e a realidade autofágica regenera-se, deixando a serenidade da noite prosseguir a sua contagem decrescente.
Nota: "Se o destino te leva, deixa-te levar" - J. P. Sartre
P.S.- Título alternativo: O horizonte é uma linha imaginária que se afasta à medida da progressão.
14-01-04
quinta-feira, 25 de novembro de 2004
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2 comentários:
Entrei no meu mail e vi que não estavas lá. Toma lá J P S para ti.
Comentário interessante, embora eu não faça a mínima ideia de quem seja.
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