quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Faltam 7 dias

Se ela diz é tudo o que eu sei
Não dá pr'andar mais sobre a saia
Para mim procura não ver
Tal só faz com que ela caia

Ela diz não posso pensar
Se eu não dormir vai ser mais caro
Cora mais se eu falo por si
Não quer ouvir o que é tão claro

Escuta bem nada passa num dia
Fala fim mas com determinação
Estar só torna tudo mais fácil
Não é mais que ouvir teu coração

Eu sei como é bom estar só

Queres mais
Eu não sou
Porque amanhã já cá não estou
Eu vim dar mais que um beijo igual a mil

Ornatos Violeta - 1 Beijo = 1000

(Faz hoje precisamente um mês, do qual cada dia não durou 24 horas mas sim 9 meses.
Tão inútil, tão inútil esta espera. Tudo tão inútil.
Não respiro. Passo o tempo. Tão inútil.

Uma ferida aberta demora tanto tempo a sarar. Mudamos o penso todos os dias e limitamo-nos a esperar que não gangrene.
Mas vem um dia, igual a todos, em que a cicatrização começa. Lentamente, todos os dias, todos iguais a si mesmos, um minúsculo bocado de carne se reconstrói. Imperceptivelmente.
E depois há-de vir outro dia. Outro dia igual, ou não tão igual, em que de súbito o nosso olhar surpreso encontra uma cicatriz, mas não a ferida. A carne regenerou-se, tornou-se impermeável. Já não há um canal aberto. E assim se passa outro dia. E outro.
E depois, dias menos iguais a dias depois, alguém há-de reclamar essa ferida. Quem um dia, há demasiados dias, irrompeu para fora de nós abrindo uma chaga ao sair quer agora suturá-la. Mas não há maneira, não se pode fechar algo que já não está aberto. E ninguém é tão masoquista que decida, a golpe de faca, abrir outra vez um lenho em si próprio.


Faltam 7 dias.)

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