segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ego

Escrever para ti é o mesmo que escrever para mim, mas mais egoísta.
(no outro dia tive este pensamento.)
Hoje o que eu quero dizer não é isto, mas achei bem começar por aqui.
Hoje não queria escrever para ti. Hoje não queria exercitar o estilo. O conteúdo, talvez. Quando escrevo para ti todas as coisas que eu quero dizer se deturpam invariavelmente numa espécie de rond de jambe...
Somos iguais, tu e eu. Sabias? Eu escrevo para ti porque me dóis um bocadinho. Uma dor meio quente, meio noite, na base do estômago. És o primeiro bagaço.
Expectativas por concretizar.
Depois tenho preocupações pirosas de forma, porque há sempre um restinho de "pode ser desta!". Se eu pontuar sugestivamente, se eu escolher as palavras certas, se eu atingir o ponto sensível, é desta. E já foi, não já? Que pobrezinhos somos. A brincar ao amor com palavras online, a atirar textos como convites. Porque a vida não nos chega, pois não? A nossa vida não nos vai chegar nunca. É cliché e é assim.
Eu escrevo para ti porque me faz festinhas no baço (o bagaço). E escrevo bem e até me emociono com todos os sentimentos maravilhosamente intensos que exponho sem vergonha e com uma mestria que incomoda. Toda eu vaporosa em Plath.
Tu lembras-te de mim porque eu te entendo (ah, a síndrome da incompreensão dos génios) e porque te (me) alimento de uma paixão sempre poética, nostálgica, excitante. Distante. Sem perigo, sem realidade, sem dedos.
É cru.
Alimentamo-nos a poesia. Ou intelectualidade. Tanto faz.

4 comentários:

Niusha disse...

Vou fechar o meu blog e passo a assinar por baixo dos teus textos (ou melhor, dos pensamentos, porque tens toda a razão, a tua mestria não tem igual).

bulletproof disse...

:')
Por mais comovida que esteja com o teu elogio, tenho de dizer isto... Aprende com os erros da big sis. Estas coisas dão textos giros mas em tudo o mais são um cocó.

Niusha disse...

Acho que já aprendi isso por mim.
Panda...
Obscuro...
Olha... Coiso.

... a cada instante ... disse...

Ninguém escreve para a gaveta. E o melhor da escrita é a partilha e, consequentemente, as inumeras interpretações dos outros.

Abraço.