segunda-feira, 25 de abril de 2011

Transamerica

eu conheço esta sensação
começa sempre devagar
uma aragem nos dedos
não mais que isso
um quase toque na palma das mãos
uma quase memória
um formigar que antecede uma quase memória que quase sinto nas mãos
depois quase o braço, quase
e quando chega às omoplatas é já quase um frémito
espalha-se pelo fundo das costas e segue sinuosamente até se alojar na zona do estômago
e sobe
um quase calor
quase angústia
eu conheço esta sensação
estás a chamar-me
eu estava tranquila
na vida que é minha
e tu estás a chamar-me
e eu na minha vida que é o que tenho
a tentar ir de um ponto para o outro
um pé de cada vez
a tentar ler as placas
(um pé de cada vez)
prestar atenção aos buracos
(um pé de cada vez)
mas sem nunca parar
(a hesitação é a morte)
um pé de cada vez,
um pé de cada vez e repete
e nisto
esta sensação
eu conheço esta sensação
estás a chamar-me
(um pé de cada vez)
lá do fundo
(e repete)
chamas-me
aí do fundo
e eu
(e repete)
eu na vida que é minha
eu na minha vida que é o que tenho
e tu
(repete)
chamas-me
tu chamas-me
e eu
(repete)
eu
(--ete)
eu já não vou.

6 comentários:

Diego Armés disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Diego Armés disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
bulletproof disse...

Oh. Então?

Anónimo disse...

Oh, não me saía bem... Mas era só para dizer que gostei muito.

D

bulletproof disse...

Debati-me bastante com este :)

Saudades dos teus textos 'for the ladies'...

Anónimo disse...

Nice, vou continuar a seguir. Onde se arranjam os textos for the ladies também gostava de espreitar isso.

Até Breve