Estava escuro no quarto, mas eu conseguia ver os teus olhos.
Não me lembro do que falavas - o teu ar era grave, mas eu apenas tinha ouvidos para as histórias que os teus olhos contavam. Ouvia-te ao longe; os teus lábios desenhavam palavras como "alarme" e "controlo" e eu respirava o teu cheiro, sentindo na ponta dos dedos a curva do teu pescoço.
Explicavas-me como ser adulto é ter a responsabilidade de fugir - lembro-me de me demorar na textura dos teus lábios, e beijei-te. Acariciavas-me o cabelo enquanto falavas, eu ainda seguindo os teus olhos para longe.
Sorriste; certamente foi algo que eu disse. Sim, julgo ter dito algo sobre coisas impossíveis e frutos proibidos, a minha voz de sempre ecoando tão ao largo do pensamento...
Entrelaçaste os dedos nos meus e aninhaste-te no meu peito, sorrindo sempre: a conversa tinha acabado. Abraçando-te, senti lentamente a tua respiração afundar-se no sono... mas já a luz da madrugada entrava pela janela quando fui capaz de adormecer também.
03/03/05
segunda-feira, 7 de março de 2005
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2 comentários:
Disseste que preferias deixar estas coisas cairem de maduras. E eu aninhei-me ainda mais nessa vontade de não pensar em nada...
Título alternativo: Enjoy the silence
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