Um desejo irracional de magoar, de dizer há outra boca no lugar da tua boca,
há outras mãos no lugar das tuas mãos
um desejo de gritar
estragaste-me, estragaste-me
eu que não acredito em vinganças, eu que tenho pavor de magoar os outros
quero magoar-te, partir-te, estragar-te, ouvir-te gritar
quero dizer-te que te odeio porque te odeio porque te amo porque te odeio
quero dizer-te odeio-te
não te odeio mas quero que sofras
não te amo, não te amo, não te amo
não te amo
quero atirar as tuas coisas pela janela e gritar que te odeio
quero que saibas que agora existe outro corpo no teu lado da cama
quero gritar
vai-te foder
quero gritar
deixa-me em paz
quero gritar que pares de me espreitar com o teu telemovelzinho novo às nove da manhã
porque te odeio e porque nunca olhaste para trás e porque me disseste que me amavas e não é verdade não é verdade não é verdade e eu
odeio-te
e espero que sintas em pormenor as tuas mãos a desaparecer do meu corpo e serem substituídas por outras mãos e outras mãos e outras mãos
e que grites e dês murros na parede enquanto o imaginas a fazer-me vir
fodas cheias de sentimento, uma por cada dia em que não quiseste saber se eu estava viva ou morta
e ainda planear com extremismos românticos a maneira como o vou levar ao nosso restaurante que assim também vai ser só mais um, como tu
só mais um,
como tu
só mais um
odeio-te.
há outras mãos no lugar das tuas mãos
um desejo de gritar
estragaste-me, estragaste-me
eu que não acredito em vinganças, eu que tenho pavor de magoar os outros
quero magoar-te, partir-te, estragar-te, ouvir-te gritar
quero dizer-te que te odeio porque te odeio porque te amo porque te odeio
quero dizer-te odeio-te
não te odeio mas quero que sofras
não te amo, não te amo, não te amo
não te amo
quero atirar as tuas coisas pela janela e gritar que te odeio
quero que saibas que agora existe outro corpo no teu lado da cama
quero gritar
vai-te foder
quero gritar
deixa-me em paz
quero gritar que pares de me espreitar com o teu telemovelzinho novo às nove da manhã
porque te odeio e porque nunca olhaste para trás e porque me disseste que me amavas e não é verdade não é verdade não é verdade e eu
odeio-te
e espero que sintas em pormenor as tuas mãos a desaparecer do meu corpo e serem substituídas por outras mãos e outras mãos e outras mãos
e que grites e dês murros na parede enquanto o imaginas a fazer-me vir
fodas cheias de sentimento, uma por cada dia em que não quiseste saber se eu estava viva ou morta
e ainda planear com extremismos românticos a maneira como o vou levar ao nosso restaurante que assim também vai ser só mais um, como tu
só mais um,
como tu
só mais um
odeio-te.
3 comentários:
Fez-me lembrar disto:
http://www.youtube.com/watch?v=5RBHTXhK_1o
É quase como se eu te conhecesse, e escutasse estes teus gritos, e sentisse este teu ódio e o teu dito amor.
Mas espero que não. Gosto de anonimato. E não gosto de ódio. Nem de gritos. A não ser que este me mande me fuder - aí posso até gostar.
Esquece este teu ódio pós-orgasmo. E acende um cigarro. Que tudo se esquece. Até mesmo o ódio. Até mesmo, ainda mesmo o amor.
Obrigada, Paola. Curioso, isto. Tive a mesma sensação ao ler-te, e um impulso quase irresistível de partilhar este texto específico contigo.
Tudo passa, sim. E de cada vez fico dividida sobre se isso será uma coisa boa.
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